"a questão ambiental deve ser trabalhada não como resultante de um relacionamento entre homens e a natureza, mas como uma faceta das relações entre os homens, isto é, como um objeto econômico, político e cultural". (MORAES, 2002)

quinta-feira, 22 de março de 2012

A história da fábrica de Saramenha


As primeiras referências sobre a bauxita no Brasil estão nos Anais de 1928 da Escola de Minas de Ouro Preto, atual Escola de Minas da Universidade Federal de Ouro Preto. Naquela época ocorreram duas iniciativas concorrentes para implantar a produção de alumínio: a da Elquisa - Eletro Química Brasileira S/A de Ouro Preto e a da CBA - Companhia Brasileira de Alumínio de Mairinque (SP). Tais registros apontam que nesse período os primeiros quilos de alumínio primário foram produzidos no Brasil graças à perseverança de alguns empresários pioneiros, porém insuficientes para atender à demanda[1].

A Elquisa de Ouro Preto teve dificuldades de comercialização devido ao excesso de produção mundial de alumínio. Apenas em 1938, com o apoio do governo Vargas, começou em definitivo a produção do metal em Ouro Preto. Porém, sua primeira utilização para a produção de alumina e alumínio no País, em escala industrial, aconteceu em 1944, durante a 2ª Grande Guerra Mundial, consolidando a indústria no Brasil. Tal iniciativa partiu do grande empreendedor Américo Giannetti, que deu início à promissora história de uma indústria que, até o final da década de 1980, apresentaria uma evolução impressionante.

Em junho de 1950, a Elquisa foi adquirida pela Aluminium Limited do Canadá (Alcan), tornando-se assim a primeira empresa multinacional a participar do mercado brasileiro, produzindo não só o alumínio primário, como produtos transformados de alumínio.

A Alcan, que viveu momentos de forte crescimento e lucratividade em Ouro Preto, começou a sofrer no final da década de 1980 os efeitos da falta de investimentos e da concorrência mundial, agravada ainda com a abertura do mercado interno no início da década de 1990. No ano de 1994 a Revista Veja, em sua edição de 06 de abril, chegou a publicar reportagem sobre o sucateamento da fábrica da Alcan em Ouro Preto, bem como as dificuldades da empresa no país, que iniciava naquela ocasião, segundo a reportagem, um processo de “desmanche” e retirada do Brasil.

Em 2005, após uma década de baixos investimentos, demissões e inúmeros problemas ambientais (confirmando o “desmanche” anunciado pela revista Veja em 1994), a Alcan criou a marca Novelis, uma nova empresa então subsidiária que ficaria responsável pelas operações de produção de alumínio primário no país.

Em 2007, a Novelis foi adquirida pela Hindalco Industries Limited, outra empresa mundial no negócio de alumínio. Enfim, a Alcan ficou livre do problema. A Hindalco é a empresa líder do Aditya Birla Group, um conglomerado multinacional com sede em Bombaim, na Índia[2]. Após a fusão, a Novelis se tornou uma subsidiária integral do Aditya Birla Group, uma empresa sem passado no Brasil.

Em março de 2009, face, aparentemente, às dificuldades logísticas com a bauxita, haja vista a distância das minas, a Novelis encerrou a produção de alumina (matéria prima do alumínio) em Ouro Preto, passando a trazê-la pronta de outras fábricas.

Em dezembro de 2010 a Novelis fechou a fábrica de Aratu, na Bahia, que era semelhante (características técnicas) a de Ouro Preto[3].

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