"a questão ambiental deve ser trabalhada não como resultante de um relacionamento entre homens e a natureza, mas como uma faceta das relações entre os homens, isto é, como um objeto econômico, político e cultural". (MORAES, 2002)

quinta-feira, 13 de março de 2014

Cenário complicado para o alumínio



A possibilidade de racionamento de energia no país preocupa a indústria do alumínio. A produção do metal consome grande quantidade do insumo, cujos custos são quase metade do custo total das empresas transformadoras. “Se houver falta de energia, isso pode aumentar o custo para as companhias e afetar a produção”, afirmou ao Valor Luiz Alberto Lopes, coordenador do Grupo Setorial de Alumínio Secundário da Abal.



Neste ano, a Abal espera a manutenção da produção no patamar do ano passado, que foi de 1,3 milhão de toneladas. O número foi 9,2% inferior ao de 2012, com redução justificada principalmente pelo alto custo da energia, que tornou inviável a produção em algumas unidades.

A queda do preço do metal (na bolsa de Londres, a LME) também pesou na decisão das companhias. No ano passado o alumínio caiu 13%, para US$ 1,8 mil a tonelada.

Com o alto custo da energia, associado ao baixo preço do alumínio, a indústria brasileira do metal teve três cortes de produção em 2013. Um deles na Alumar, operada pela Alcoa em consórcio com a BHP Billiton; outro pela Alcoa em sua unidade de Poços de Caldas (MG); e um da Novelis, em Ouro Preto (MG).

Como os cortes de produção foram feitos a partir de maio, o esperado seria um número ainda menor de produção neste ano, considerando 12 meses completos com as capacidades reduzidas. No entanto, a produção de 2014 vai depender da energia.

Há uma possibilidade de que parte da produção interrompida pela Alcoa seja retomada em algum momento, mas a empresa não deu nenhuma sinalização neste sentido. Isso poderia manter a produção no mesmo nível de 2013. A decisão da companhia, todavia, depende dos custos de energia e da situação do mercado.

A Alcoa tem 70% de autossuficiência em energia referente a participações em hidrelétricas e tem um contrato de fornecimento com a Eletronorte que vence em 31 de março. No ano passado, após longa negociação, as duas empresas chegaram a um acordo de suprimento de cerca de 200 MW da hidrelétrica de Tucuruí para a Alumar, com 11% de desconto. A tarifa ficou na faixa de US$ 58 o MWhora, acima da média mundial (US$ 40), segundo informou a Alcoa na ocasião.

Agora, a empresa precisa negociar esse pacote de energia com outras geradoras no país. A capacidade de produção do consórcio Alumar é de 455 mil toneladas ao ano. Atualmente, a produção está em torno de 300 mil toneladas.

A Votorantim Metais, com fundição em Alumínio (SP), também gera internamente 70% da energia que consome. Mesmo assim, está expostas aos riscos de falta de energia em suas hidrelétricas em uma situação de falta de chuvas.

Além do tema energético, as empresas de alumínio monitoram o mercado interno antes de tomar decisões. O preço do alumínio está em queda na LME, mas há grande preocupação com a redução do suprimento no mercado doméstico após os cortes de 2013. Quem compra o metal diz que o mercado ficou apertado. Se precisa de alumínio para entrega imediata, tem de pagar prêmio (preço cobrado acima do valor da LME), que já passa de US$ 600 a tonelada no país.
 
Fonte: Valor Econômico

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