"a questão ambiental deve ser trabalhada não como resultante de um relacionamento entre homens e a natureza, mas como uma faceta das relações entre os homens, isto é, como um objeto econômico, político e cultural". (MORAES, 2002)

quinta-feira, 6 de março de 2014

Paraguai tenta atrair indústrias brasileiras com energia barata de Itaipu

A matéria abaixo é de 2011, mas pelo que temos ouvido por aí parece ainda estar super atual. Vale a reflexão e a observação.  Disponível em: http://www.jornaldaenergia.com.br/ler_noticia.php?id_noticia=8054&id_tipo=2&id_secao=17

Grandes consumidores veem alternativa no país devido às altas tarifas cobradas no Brasil; Abrace alerta para desindustrialização

Por Ivonete Dainese
 
O Brasil, segundo levantamento feito por entidades ligadas ao setor industrial, como a Conferação Nacional da Indústria (CNI), a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), associações de classe e sindicatos, vem passando por um processo grave de desindustrialização. Um dos fatores que estavam provocando esse processo era o crescimento econômico acelerado da China. Porém, um novo movimento na indústria brasileira está contribuindo para aumentar a desindustrialização: o alto preço da energia elétrica.

Segundo a Associação Brasileira de Grandes Consumidores de Energia Industriais de Energia e Consumidores Livres (Abrace), grandes empresas brasileiras estão seguindo, principalmente, para o Paraguai e o Uruguai para instalar novas plantas se beneficiando de tarifas mais baratas nesses países.

Crédito: Divulgação

"O foco no país vizinho (Paraguai) se dá porque a energia elétrica gerada por Itaipu é mais barata. O segmento de alumínio, por exemplo, já tem a Rio Tinto Alcan (que migrou). Sabemos também de uma outra de celulose que está seguindo para o Uruguai", diz o assessor da diretoria da Abrace, Fernando Umbria.

Para a Câmara de Comércio Brasil - Paraguai, existe uma lista de empresas brasileiras que devem seguir para o país vizinho em 2012. "Nos últimos oito anos, uma série de fatores contribuiu para que as indústrias seguissem para lá, principalmente aquelas que têm a energia elétrica como matéria prima", comenta o presidente da Câmara, Eulógio Kñonez.

O crescente movimento já contribuiu para alavancar o Produto Interno Bruto (PIB) paraguaio, que cresceu 15% no ano passado. "A meta do governo é a de atingir os 10% em 2012", aponta Kñonez. Nesse sentido, o paraguaio destaca que será realizado um evento em São Paulo nesta terça-feira (25/10), o Paraguay Invest. O objetivo é apresentar as oportunidades de investimento no outro lado da fronteira e atrair o interesse de companhias brasileiras de diversos setores.

Segundo o presidente da Câmara, durante o evento serão adiantadas informações sobre um plano da Ande, estatal de energia do País, que "vai estudar uma redução ainda maior no preço da energia para as empresas que seguirem para o Paraguai". "O país já ocupa o terceiro lugar entre os maiores produtores de soja do Mercosul e o quinto no setor agropenegócios. Queremos crescer, fortalecer o Mercosul e afastar as indústrias do avanço da China", completa.

Pelo Tratado de Itaipu, firmado em 1973, cada um dos dois países tem direito a usar 50% da energia gerada pela hidrelétrica - a maior do mundo em geração. Como o Paraguai utiliza apenas 5% da energia gerada, o restante é vendido ao Brasil. Itaipu, com potência de 14 mil MW, responde por 19% da energia consumida no País e a 91% do consumo paraguaio

Mais migrações

Segundo Fernando Umbria, da Abrace, na lista de avaliação sobre a possibilidade de seguir para o Paraguai está a Novelis, uma das principais companhias mundiais de produtos transformados de alumínio. Recentemente, a companhia encerrou as atividades na Bahia justamente por conta do preço elevado da energia. O valor pago ficou superior ao custo da produção.

A Companhia Brasileira de Alumínio (CBA), também estuda a saída do Brasil para Trinidad Tobango. "Para se ter noção de que a desindustrialização está ocorrendo, em 2009 o Brasil importou 17 mil toneladas de alumínio . Em 2010, esse número chegou a 77 mil e para esse ano, o volume deverá ser ainda maior. Outro dado é que nos últimos 25 anos, não se instala no Brasil nenhuma indústria desse segmento", lista Umbria.

Recentemente, foi aprovada a revisão do Tratado de Itaipu que determinou aumento da taxa anual de cessão paga pelo Brasil ao Paraguai - o salto foi de US$ 120 milhões para US$ 360 milhões."Acompanhamos essa revisão com muita preocupação. E o que estamos acompanhando é que o governo não deu muita consideração ao tema. Outras indústrias que consomem muita energia, com toda certeza, devem seguir o mesmo caminho (rumo ao país vizinho)", finaliza Umbria.

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