O texto abaixo foi extraído da Wikipédia. É um bom relato que explica também a origem da Vila Operária de Ouro Preto. Fica a pergunta: a Vila Operária está se libertando?
"A relação entre fábrica e vila operária vem da forma particular de organização capitalista onde as vilas operárias surgem como solução para o problema habitacional da classe trabalhadora e como forma de imobilização dos trabalhadores.
São perfeitamente funcionais e lucrativas para o patronato
industrial, mas elas também formam uma constelação de traços culturais
presentes na experiência de vida dos atores sociais presentes nesta
situação industrial.
A idéia de 'complexo fábrica com vila operária' busca dar conta da
complexidade de relações sociais que marca este sistema social. O
complexo é ao mesmo tempo fabril e sócio-cultural, envolve tanto
relações de trabalho quanto relações extrafabris, em um fluxo de
relações entre o espaço fabril e o espaço doméstico, entre a fábrica e a
vila operária.
Assim, as fábricas com vila operária formam um complexo sócio-econômico,
cultural e político: a fábrica moderna, o trabalho assalariado (chamada
de “servidão burguesa” por Leite Lopes), o paternalismo industrial com
formas especificas de educação (escola operária), de religião (capelas
com padroeiros católicos), de consumo (armazém da fábrica), e de lazer
(clubes da fábrica).
Para Leite Lopes (1988, p. 16-18), as fábricas com vila operária
formam um “padrão especifico de relações de dominação”, são fábricas que
“subordinam diretamente os seus trabalhadores para além da esfera da
produção”, estas fábricas constituem uma “configuração de uma estrutura
de relações sociais de dominação, dentre outras configurações possíveis
no interior do modo de produção capitalista e no interior do conjunto de
relações entre a classe operária e o patronato”.
As relações de dominação marcam profundamente as fábricas com vila
operária. Nesta situação, os patrões não são simplesmente patrões, não
se estabelece uma simples relação contratual, mas, os patrões são os
proprietários da casas onde residem os operários, assim como, de toda a
rede de serviços presentes nestas vilas (armazém, clube, capela,
escola). A ameaça da perda do emprego vem junto com a ameaça da perda da
casa.
A subordinação dos trabalhadores têxteis era um fator gerador de
medo, que pairava sobre a classe operária, medo de perder o emprego,
medo de perder a casa, medo de “sujar” o nome da família junto ao poder
patronal, implicando danos para os familiares que poderiam vir a
precisar de algum beneficio futuro, como emprego na fábrica ou casa na
vila. A “boa conduta” era um pré-requisito para o acesso ao emprego e a
moradia, e o nome da família era o código que poderia dar acesso ou
barrar determinado trabalhador."
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