"a questão ambiental deve ser trabalhada não como resultante de um relacionamento entre homens e a natureza, mas como uma faceta das relações entre os homens, isto é, como um objeto econômico, político e cultural". (MORAES, 2002)

domingo, 25 de março de 2018

Arábia: uma inquietação

Ontem a Vila Operária ganhou um presente: assistir a pré-estreia nacional do tão aguardo filme "Arábia", rodado em partes aqui na nosso querido bairro da Vila Operária, em Saramenha.

Vencedor de muitos prêmios, o filme tem sido reconhecido por vários méritos, desde questões técnicas, como a ousada narrativa, bem como pelas reflexões que provoca sobre as relações do trabalho na sociedade contemporânea.

Cheguei cedo, sentei na primeira fila e assisti com bastante atenção e entusiasmo! O filme é, de fato, uma "jóia", com bem classificou a crítica do jornal Folha de São Paulo. Da ressocialização do ex-presidiário, da exploração do trabalho numa alusão certeira à "mais-valia" de Karl Marx, das relações humanas daqueles que nos parecem invisíveis entre tantos, do nosso papel nas vilas das nossas vidas... enfim, foram tantas reflexões! com todos que conversei após o filme percebi uma enorme inquietação sobre suas próprias existências.

Numa determinada cena, num pequeno quarto de alojamento de uma obra no leste de Minas Gerais, vários operários amontoados se divertem e um deles lê uma carta enviada pela sua mãe. No texto ela diz o quanto está feliz pelo filho estar trabalhando, enquanto o filho da vizinha está preso. Mas qual a diferença entre a cela de uma prisão e aquele pequeno quarto no meio de uma obra? Mais adiante, o protagonista diz que tem dó de um jovem que mora na Vila Operária, pois ele está ali preso na alienação da fábrica cercado de um monte de gente velha. Restou claro que as prisões das nossas vidas nem sempre tem grades.

Pessoalmente, não posso deixar de mencionar a cena em que o personagem André (sim, meu xará!) passa o dedo na janela e se assusta com o pó que cai da fábrica. Essa cena está aqui no meu blog numa postagem de 22 de março de 2012 (clique aqui e veja)! Várias críticas sobre o impacto ambiental da fábrica foram captadas com justiça e sensibilidade pelo filme. Sinto-me representado!

Para a Vila Operária foi uma grande homenagem! Não há mais quem não saiba o que acontece aqui nesse pequeno e fértil pedacinho de Ouro Preto.

Por fim, não posso deixar de agradecer à equipe de produção do filme, em especial ao querido João Dumans e à grande amiga Laura Godoy. Vocês fizeram algo muito significativo! Parabéns!






quinta-feira, 8 de março de 2018

Ouro Preto está incluida no TTAC (Samarco / Renova)?

A resposta para a pergunta acima é sim e não! sim porque o Comitê Interfederativo (CIF), órgão gestor do TTAC e que deveria regular sua execução, já deferiu/autorizou o pedido de Ouro Preto para compor o rol de cidades socioeconomicamente atingidas. Porém, a Fundação RENOVA, que deveria apenas executar o que lhe determinam, decidiu que não vai incluir Ouro Preto em suas ações até que todos os signatários do texto original assinem um aditivo. Mas daí o leitor vai perguntar: o próprio TTAC já não deu competência ao CIF para isso? sim, no meu modesto entendimento. Creio que a Fundação RENOVA busca o preciosismo jurídico para deixar de dar a Ouro Preto o que lhe é devido.

Esse imbróglio, apesar de parecer distante de Saramenha e da maioria da população ouropretana, tem relação direta com o funcionamento da cidade. Isto porque a arrecadação de tributos e os empregos formais despencaram abruptamente após o desastre ambiental nas barragens da Samarco. A dificuldade financeira e social trazida por este impactante evento tem reflexos diretos em todo o funcionamento dos serviços público de Ouro Preto. O meio ambiente não tem divisas estanques, é o chamado "efeito borboleta"!

Entenda mais lendo a documentação constante no seguinte link:

https://drive.google.com/open?id=1B3IlMWfr6U-z9fg6yrOZhLkMgKjS8yZD

Fonte: Nacho Catalán / El Pais, Madri 06/11/2015

terça-feira, 6 de março de 2018

Entidades alertam sobre desmonte do Licenciamento Ambiental

 Fonte: https://www.wwf.org.br/informacoes/noticias_meio_ambiente_e_natureza/?63862/alerta-desmonte-licenciamento-ambiental-brasil

Um grupo de 46 organizações representativas do movimento socioambiental, incluindo membros do Ministério Público, divulga nota pública contra projeto de lei que muda regras de licenciamento ambiental. O grupo, do qual participam o WWF-Brasil, o Greenpeace, o Instituto Socioambiental e SOS Mata Atlântica, entre outras 43 entidades, exige que “órgãos técnicos, comunidade científica, comissões ambientais, populações atingidas e a sociedade em geral sejam ouvidos”.

Segundo as entidades, trata-se de um desmonte da legislação. O projeto, que tramita na Câmara dos Deputados, pode ir a votação no plenário ainda este mês, segundo o presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Enquanto isso, a população de Barcarena, no Pará, sofre as consequências de vazamento tóxico de mineração. “Trata-se de uma triste e trágica demonstração de que as regras para o licenciamento ambiental deveriam, na verdade, se tornar mais rígidas, e não mais permissivas, como quer o PL em questão”, diz o coordenador de Políticas Públicas do WWF-Brasil, Michel Santos.

“Caso aprovada a proposta na forma como se encontra, esta e outras tragédias, como o rompimento da barragem em Mariana, em Minas, ficariam mais propensas a ocorrer, atingindo de forma ainda mais brutal as populações locais”, diz um trecho da nota.

E continua: “O texto do PL proposto pela bancada ruralista e outros setores que desejam mudar as regras de licenciamento ambiental do país deixa o meio ambiente vulnerável ao recomendar a dispensa de licenciamento para atividades agropecuárias a qualquer título e independentemente de seu impacto; ao criar o licenciamento autodeclaratório e flexibilizar as exigências ambientais; ao deixar inteiramente na mão de Estados e municípios a decisão sobre o grau de rigor da licença ambiental -- que pode ser nenhum se prefeitos e governadores assim entenderem; e ao retirar a obrigatoriedade da consulta a populações potencialmente atingidas -- uma clara violação aos direitos de povos indígenas e de comunidades locais, além de representar ameaças a áreas protegidas”.