Por: Titina Cardoso/Web Ales. Em 15/12/2014
Fotos de Nivaldo Jr.
Debater a exploração de bauxita no município de Muniz Freire, na região do Caparaó, foi o objetivo de audiência pública realizada na manhã desta segunda-feira (15) pela Comissão de Infraestrutura. Os deputados receberam o prefeito do município, Paulo Fernando Mignone (PSB), que solicitou que a mineradora Curimbaba - empresa detentora da lavra para a exploração de bauxita no município – comece a exploração do mineral para gerar renda e emprego na região.
Debater a exploração de bauxita no município de Muniz Freire, na região do Caparaó, foi o objetivo de audiência pública realizada na manhã desta segunda-feira (15) pela Comissão de Infraestrutura. Os deputados receberam o prefeito do município, Paulo Fernando Mignone (PSB), que solicitou que a mineradora Curimbaba - empresa detentora da lavra para a exploração de bauxita no município – comece a exploração do mineral para gerar renda e emprego na região.
O prefeito Paulo Mignone pediu para a empresa começar a exploração gerando renda e emprego na região
“No
início do ano fomos procurados pelo contador da empresa com o pedido de
uma anuência para a Curimbaba. Nós não assinamos, não concedemos, para
exatamente provocar essa discussão. A pergunta vem desde 1988, quando a
Curimbaba se instalou no nosso município. Isso vem se agravando com a
cobrança das comunidades onde estão instaladas as reservas. Precisamos
levar aos nossos munícipes uma resposta”, relatou Mignone.
Muniz
Freire possui uma reserva de bauxita localizada em uma área com mais de
94 mil hectares e com uma estimativa de produção de 13 mil
toneladas/mês. Para o presidente da Comissão de Infraestrutura, deputado
Marcelo Santos (PMDB), a não exploração da reserva tem impedido o
crescimento do município. “A partir da exploração teremos
desenvolvimento na região, com reflexos enormes na economia do Espírito
Santo”, defendeu o parlamentar.
Logística
O
Secretário de Estado de Desenvolvimento, Nery Rossi, foi um dos
convidados para o debate. Ele destacou que as informações sobre a
reserva estão “congeladas na secretaria”. Os últimos estudos foram em
2004. Para ele, um dos fatores que atrapalha a exploração do mineral na
região é a logística de transporte. “Um processo de refino, de
concentração da bauxita em alumina, poderia ser feito aqui ou em Minas
Gerais, mas como transportar para um porto?”, questionou.
“A
BR 262 continua igualzinha a 2004 e não suportaria a frota de caminhões
para transportar a alumina. Tem que se avaliar algum tipo de logística
rodoviária ou ferroviária. Se a região estivesse perto de uma ferrovia,
seria ‘melzinho na chupeta’”, explicou.
Explicação da empresa
Os
representantes da Mineradora Curimbaba explicaram os motivos pelos
quais a empresa não explora a reserva de bauxita no município. O geólogo
e diretor de pesquisa da empresa, Mário Luiz de Andrade Uchoa, relatou
que “apesar de o prefeito ter falado de 1988, a portaria de lavra é
desde 2008”.
Ele
também explicou que a bauxita encontrada em Muniz Freire tem em torno
de 15% de quartzo. Essa composição não é adequada para a empresa, que
não explora a bauxita para a produção de alumínio, mas para a indústria
de refratários, abrasivos e para a indústria de petróleo.
Uchoa
explicou ainda que a topografia da região é muito agressiva. Outro
impedimento é que a estimativa de produção na região ainda é baixa para
que a empresa consiga um financiamento bancário para dar início à
exploração. “Não somos tão grandes assim, não estamos nem entre as 500
maiores empresas do Brasil. Não queremos impedir o desenvolvimento do
Estado de modo algum”, disse.
Decisões
O
prefeito Paulo Mignone compreendeu os motivos da empresa, porém,
destacou que a situação financeira de Muniz Freire é complicada.
“Preocupa-nos muito a região do Caparaó, formada por 11 municípios. A
região está morrendo. É uma época de queda de arrecadação, queda de
receita, todo mundo tenta se agarrar em alguma coisa. É um município do
interior muito carente”, relatou. Ele informou que vai se reunir com uma
comissão de moradores interessada na exploração da bauxita para que
eles possam se reunir com a diretoria na sede da Curimbaba em Poços de
Caldas, no sul de Minas Gerais.
Para
o secretário Nery Rossi o encontro foi bastante esclarecedor. “A
aproximação dos entes é fundamental. O que eu posso fazer nesse momento é
colocar o Estado à disposição. O Estado, obviamente, não vai carregar o
projeto, mas podemos ajudar. Embora a gente não tenha chegado a uma
solução, talvez tenha sido uma das reuniões mais produtivas e
esclarecedoras que eu tenha participado”, afirmou.
O
presidente da comissão, deputado Marcelo Santos, avaliou positivamente a
audiência. “Foram dadas informações que não tínhamos e que agora serão
socializadas com a população, como a expedição da lavra que foi em 2008 e
achávamos que tinha sido antes. Estreitamos o relacionamento para
podermos viabilizar uma parceria que culmine na exploração da bauxita”,
afirmou.
Por
enquanto, a empresa vai colaborar com um projeto de tratamento de
esgoto na área rural do município. “Foi uma condicionante do Iema
(Instituto Estadual de Meio Ambiente) que a gente fizesse um projeto de
esgotamento em duas vilas rurais”, explicou Uchoa.
Bauxita
A
bauxita é a principal fonte natural de alumínio e a maior parte de sua
extração mundial é destinada à obtenção desse elemento, que é
matéria-prima para a fabricação de inúmeros produtos usados no dia a
dia, como panelas, esquadrias, latinhas, peças de automóveis e aviões,
cabos elétricos, entre outros. O elemento também é utilizado para a
indústria de abrasivos, refratários, cimento e produtos químicos, entre
outros.
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