Texto de Kátia Maria Nunes Campos, extraído no Facebook.
Recentemente fiz centenas de pesquisas para embasar o processo de retorno das terras públicas, cedidas para as fábricas de Saramenha. E fui achando coisa do arco da velha.
Em 1937, quando começou, era a mais importante fábrica ou indústria no Estado de Minas, considerada como de vital importância para a defesa nacional. Ainda pouco tinha a ver com o metal alumínio. Como o próprio nome diz, não era uma metalúrgica, era uma genuína indústria química. Maior produtora nacional de ácido sulfúrico, usado até na fabricação de explosivos.
Meu tio Antônio Nunes começou na empresa, quando ainda era tabula rasa, zero. E ficou cego de um olho, num acidente com o perigoso ácido sulfúrico. Sua esposa, tia Lolô Mendes Nunes ainda vive em Saramenha (Associação De Moradores Saramenha de Cima). Por coincidência, da família do meu amigo Geraldo Mendes, assim como da Creusa Mendes. Mundo microscópico.
Mas não era só: a "Elquisa" também fabricava sulfato de cobre. Eu ouvi esse tio "Totó", ainda menina, contar como vinham vagões repletos das antigas moedas de cobre do império, que viraram matéria prima do sulfato de cobre. Eram só sucata, nada mais.
Por último, o terceiro e igualmente muito importante, sulfato de alumínio, de que era a única no Brasil, usado, entre outros, para purificar água. Só algum tempo depois é que se construíram os fornos eletrolíticos para fabricar o metal alumínio. Que acendeu a cobiça estrangeira e fizeram de tudo para falir o empresário Reneé Giannetti. Conseguiram.
De empresa genuinamente brasileira passou a estrangeira e assim tem sido até hoje, com as terras garfadas por vias indiretas. E vão aí duas fotos históricas da velha Electrochimica, provavelmente as primeiras, em seu primeiro ano, com uma foto do ramal de acesso, galpões e sala de catalisadores, se não me engano. Serve de novo aquele velho verso do Drummond: toda história é remorso.
Nenhum comentário:
Postar um comentário