Na minha vida já são quase 18 anos de vizinhança com a fábrica e 12 anos de registros neste blog. A cada ano desde então sou vítima de uma chuva de pó branco, odores e barulhos. Em casa há um arsenal de soro fisiológico, pastilhas para garganta e colírios. Nos meus pulmões nem arrisco pensar o que está acumulado!
Além da saúde física, as agressões são psíquicas: já sofri ameaças no trabalho, intimidações a amigos e parentes, lawfare, críticas públicas de funcionários da fábrica que nem conheço, subjugação por autoridades...
Pior ainda: já tive reuniões com meia dúzia de promotores de justiça, técnicos de meio ambiente, vereadores e outras autoridades que nunca conseguiram passar da superficialidade do auto monitoramento ambiental da fábrica. Já estou cansado de repetir sempre a mesma história a cada novo sujeito que aparece nesses cargos. Na verdade, aqueles que deveriam fiscalizar e acompanhar rigorosamente o funcionamento da fábrica geralmente se voltam contra mim, num claro movimento de tentar resolver o problema eliminando quem o denuncia.
Fato é que todo o sistema de proteção ao meio ambiente no país é desenhado para favorecer o poluidor e constranger a vítima da poluição. As leis são pífias, a impunidade é gigante, o poder econômico se sobrepõe e a má vontade do poder público para o enfrentamento é nítida. Há ainda o medo da comunidade relacionado a perda de empregos (no caso específico são subempregos) e uma completa e sistêmica letargia e ineficiência dos mecanismos constitucionais de proteção à sociedade.
Tenho certeza: estou contra o sistema! há um preço por isso, mas não me importo. Confesso ter pouca esperança de ver a fábrica de Saramenha modernizada, funcionando em harmonia com a comunidade e fazendo pelo meio ambiente mais do que a nossa pobre legislação lhe obriga. Mesmo assim continuarei registrando aqui neste blog todo infortúnio que vivemos na Vila Operária. Se não servir para mudar a realidade, servirá como registro histórico para as gerações futuras.
Nenhum comentário:
Postar um comentário