"a questão ambiental deve ser trabalhada não como resultante de um relacionamento entre homens e a natureza, mas como uma faceta das relações entre os homens, isto é, como um objeto econômico, político e cultural". (MORAES, 2002)

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2021

MORADORES DA VILA OPERÁRIA RECLAMAM DE POLUIÇÃO EMITIDA PELA FÁBRICA DA HINDALCO

 


    Matéria publicada AQUI 
    Ouro Preto

 03 de fevereiro de 2021
 Foto de Afonso Henrique Leite

Por Thiago Gomes

Moradores do bairro Vila Operária, em Ouro Preto, reclamaram da poluição atmosférica emitida pela fábrica da Hindalco durante as tardes de segunda (1) e terça-feira (2). De acordo com o morador Afonso Henrique Leite, que reside uma rua acima da fábrica, essa emissão exagerada é frequente e os responsáveis já foram notificados, mas nenhuma medida foi tomada. Ele ainda acrescenta que a emissão dos supostos gases tóxicos prejudica a qualidade de vida da população: "Diversos problemas de saúde decorrentes da poluição, principalmente. Os carros ficam com camada de poeira e prejudica tanto a lataria quanto o próprio meio ambiente".

Alberto Fonseca, professor de engenharia ambiental da UFOP, sugere que uma associação de bairro ou representantes do poder legislativo ou executivo local formalize reclamações e pedidos de esclarecimentos sobre a legalidade das emissões atmosféricas junto ao Supram Central, órgão regional de licenciamento ambiental que coordena a licença de operação da fábrica. Sendo constatadas irregularidades nas condições de operação da fábrica, os moradores poderiam, inclusive, acionar o Ministério Público para tomar as devidas medidas judiciais.

O professor salienta que sem o apoio de autoridades locais, tais reclamações, que acontecem há décadas em Ouro Preto, tenderão a ser infrutíferas. O município de Ouro Preto, segundo o professor, é notório pela precariedade da gestão ambiental pública, que fica refletida na falta de tratamento de esgotos, no descaso com o lixão municipal, na ocupação desordenada do território urbano, bem como na falta das leis locais de meio ambiente. Para o professor, essa situação explica em parte a falta de pressão para um monitoramento da qualidade do ar eficaz nos bairros que sofrem com poluição atmosférica. "Um dos maiores desafios para os moradores da Vila Operária transformarem suas reclamações em melhorias concretas por parte da Fábrica" diz o professor "é a falta de dados evidenciando a ilegalidade das emissões e os danos à saúde". O professor ainda complementa que sem embasamento técnico e jurídico pouco valem as reclamações, e que acredita ser urgente a instalação de estações de monitoramento da qualidade de ar nos locais que são mais vulneráveis às emissões. Ainda sobre a questão dos poluentes, ele relembra que a produção de alumínio primário, que emitia o gás HF (ácido fluorídrico) foi fechada e que os gases particulados atuais são, provavelmente, mais fáceis de resolver.

No entanto, André Lana, ex-morador do bairro, afirma que já entrou em contato com o Ministério Público e com o SEMAD, mas não obteve resultado. Ele mantém desde 2012 o blog Operário Verde, onde registra as diversas ações realizadas na tentativa de melhorar a situação, que já ocorria quando a fábrica pertencia à Novelis. André se mudou para o bairro em 2007 e conta: "Assim que lá cheguei passei a sentir com mais severidade os problemas decorrentes da proximidade com a fábrica de alumínio: muito pó nas áreas externas, cheiros que oscilam entre o desagradável e o insuportável, barulhos constantes e incômodos, enfim, uma série de problemas que notoriamente afetam a saúde de qualquer ser humano".

Por fim, André afirma que desde maio de 2008 envia questionamentos formais ao Ministério Público e aos órgãos de controle ambiental do Município e do Estado, à Prefeitura, a vereadores e à direção da fábrica, que foi transferida da Novelis para a Hindalco em 2014. Já em 2019, com uma filha que sofre de bronquite asmática, decidiu se mudar, pois não suportava mais a poluição.

O vereador Matheus Pacheco (PV) afirmou na 9ª Reunião Ordinário da Câmara de Vereadores ter recebido relatos de moradores sobre uma "fumaça branca que tomou conta dos bairros Vila Operária e Vila dos Engenheiros". O vereador entrou em contato com o Secretário de Meio Ambiente, Chiquinho de Assis, que o informou que a responsabilidade da fiscalização da área é da Fundação Estadual do Meio Ambiente (FEAM). Diante disso, ele encaminhou uma Representação à FEAM solicitando esclarecimento em relação à situação, mas ainda não obteve resposta.

Entramos em contato com a Hindalco solicitando os dados de monitoramento da qualidade de ar, a licença de operação e os documentos referentes às condições de operação e aguardamos a resposta. Além disso, a assessoria de comunicação da empresa afirmou já estar preparando um pronunciamento público sobre o caso.



segunda-feira, 18 de janeiro de 2021

segunda-feira, 28 de dezembro de 2020

Mais pó... isso nunca acaba!

 E para fechar o ano de 2020 a Hindalco faz o que sempre fez: joga pó de alumina sobre seus vizinhos. As fotos a seguir foram tiradas na tarde de hoje, dia 28 de dezembro de 2020:






quinta-feira, 5 de novembro de 2020

Cinco anos do crime da Samarco: a indignação é necessária, mas não pode ser seletiva!

Os crimes ambientais expostos e omitidos. A indignação é necessária!!! mas não pode ser seletiva.

E você, já cuidou do meio ambiente hoje?




domingo, 1 de novembro de 2020

quarta-feira, 9 de setembro de 2020

#AjudaPantanal

Postagem da Deputada Federal Tabata Amaral:


#AjudaPantanal: 12% do Pantanal mato-grossense já foi queimado. E em meio a tanta polarização é importante deixar claro que, sim, incêndios nesta época do ano são comuns, mas não nessas proporções. Perícias recentes já diagnosticaram que o incêndio foi intencional. Quando há o desmonte de organizações de proteção e órgãos fiscalizadores, como está havendo sob o governo atual, o resultado são ações criminosas desenfreadas, que comprometem o futuro do nosso país, do nosso povo e da nossa biodiversidade.

 

quarta-feira, 2 de setembro de 2020

Vale passa por cima das águas de Antônio Pereira

Recentemente diversas entidades de proteção socioambiental e cultural, dentre as quais a Associação de Proteção Ambiental de Ouro Preto – APAOP, divulgaram uma “Carta Aberta” alertando autoridades sobre os danos decorrentes da construção pela empresa VALE de uma estrada que contorna o distrito de Antônio Pereira. Tal obra tem como justificativa formal a necessidade de acesso ao vertedouro da barragem de Doutor, que passa por descomissionamento.

Fato é que no local da obra há canalização ou aterramento de cursos d’agua e de drenagens naturais, retirada de vegetação nativa e legalmente protegida, movimentação de terras em grandes quantidades e, tudo isso, em aparente zona de amortecimento do Parque Municipal das Andorinhas. Também há potencial de comprometimento das águas que abastecem os moradores. E mais, dada a proximidade com o núcleo habitacional do distrito, é necessário ainda verificar se a obra está inserida ou não em perímetro urbano.

No local verifica-se também a existência de muros antigos e canalizações de pedras que, segundo os moradores, são resquícios históricos de antigas fazendas do período colonial que precisam ser protegidos. Há também cavernas e grutas naturais que devem ser tuteladas pela União Federal, nos termos do art. 20, X da Constituição Federal.

Curioso observar ainda que a terra movimentada pela obra aparenta ter minério de ferro em sua composição, o que obviamente suscita que, para além de um mero acesso emergencial à barragem, a obra poderá abrir futuros flancos de mineração para a empresa. Dessa constatação surge a inevitável pergunta: porque a ao invés de uma nova estrada a VALE não optou por fazer alargamentos e melhorias na MG-129?

Portanto, para que todas as dúvidas sejam esclarecidas e suposições afastadas, bem como no necessário exercício do controle social, é urgente que a empresa VALE preste à comunidade esclarecimentos sobre o empreendimento.