"a questão ambiental deve ser trabalhada não como resultante de um relacionamento entre homens e a natureza, mas como uma faceta das relações entre os homens, isto é, como um objeto econômico, político e cultural". (MORAES, 2002)

quarta-feira, 29 de dezembro de 2021

Nem a chuva de dezembro apaga o pó da Hindalco

Nem mesmos as chuvas de dezembro são capazes de limpar da Vila Operária a grande quantidade de pó de alumina lançada pela Hindalco sobre as nossas casas. Vejam o flagrante abaixo, de 27/12/2021:




E assim terminamos o ano de 2021! a última postagem do "Operário Verde" simboliza que nada mudou...

terça-feira, 14 de dezembro de 2021

Resposta da Hindalco às exigências do TAC

A partir da Representação nº. 404/2021, do Vereador Matheus Pacheco, a Hindalco enviou à Câmara Municipal um Relatório contendo as ações até aqui adotadas para o cumprimento do TAC firmado com o Governo do Estado de Minas Gerais. Clique AQUI e veja o documento!





Diagnóstico da Mineração do Estado de Minas Gerais

O Diagnóstico da Mineração do Estado de Minas Gerais é uma iniciativa da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (SEDE-MG), com objetivo de consolidar uma série de informações sobre a atividade, que servirá de parâmetro para a elaboração do Plano Estadual de Mineração de Minas Gerais (PEMMG), em consonância com as premissas do Plano Nacional de Mineração, bem como para a consulta de outros órgãos, entidades e empresas ligadas ao setor.



sábado, 11 de dezembro de 2021

O LIXO DO OUROPRETANO: UMA TRAGÉDIA ADMINISTRATIVA E AMBIENTAL

 

A cidade histórica, cabeceira de duas importantes bacias hidrográficas brasileiras, ainda sofre com o mau gerenciamento e a disposição incorreta dos seus resíduos sólidos


Por André Lana, blog Operário Verdedezembro de 2021


A renomada cidade de Ouro Preto possui uma condição singular no cenário de proteção ambiental. Além de estar encravada entre importantes parques e áreas de proteção permanentes, como o Parque Estadual do Itacolomi, a Estação Ecológica do Tripuí, o Parque Municipal das Andorinhas e a Floresta Estadual do Uaimii, entre outras, é o divisor físico de duas das principais bacias hidrográficas brasileiras: do São Francisco e do Rio Doce.

É por conta dessa condição natural que as chuvas que caem mais ao norte da majestosa Serra de Ouro Preto correm para o Rio das Velhas, principal afluente do Rio São Francisco e responsável por boa parte do abastecimento de água potável da região metropolitana de Belo Horizonte, enquanto as chuvas que caem mais ao sul da Serra vão para o Ribeirão do Carmo em Mariana e, logo em seguida, para o Rio Doce, responsável pelo abastecimento de várias cidades do centro-leste de Minas Gerais até o Espírito Santo

Fonte: Plano de Manejo do Parque das Andorinhas (CBH Rio das Velhas, 2016)

Contudo, apesar de tamanha importância ambiental, até meados da década de 1990 o Município de Ouro Preto jogava sem qualquer controle todos os seus resíduos sólidos num “lixão” situado às margens da Rodovia Rodrigo Melo Franco de Andrade, quase sobre a divisa com Mariana. Diante de tamanha irregularidade, um grupo de ambientalistas denunciou o caso ao Ministério Público que, depois do devido processamento nos autos da Ação de Obrigação de Fazer nº. 0461.96.003580-0, conseguiu encerrar em definitivo a utilização daquele local.


 Diferença entre Lixão e Aterro Sanitário - Fonte: https://www.ecotres.com.br/ 


Foi nesse contexto que no ano de 1996 surgiu o Aterro Sanitário da Rancharia como uma promessa de novas boas práticas ambientais. Porém, os planos não se concretizaram e o novo empreendimento nunca conseguiu obter o pleno licenciamento ambiental, funcionando na maior parte do tempo até os dias atuais nos mesmos moldes do antigo “lixão”.

Por esta razão o Ministério Público viu-se forçado a propor em 2003 a Ação de Execução, autuada sob o número 0461.03.010953-6, na qual foi determinado em 2016 em primeira instância o prazo máximo de 90 dias para o encerramento definitivo das atividades de depósito de lixo na Rancharia. (Tal fato foi noticiado à época pela imprensa, como por exemplo, pelo Jornal Hoje em Dia)1


Jornal Hoje em Dia de 02/08/2016, em http://hoje.vc/1m3st

Contudo, por meio do Agravo de Instrumento nº. 1.0461.03.010953-6/001, a 7ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais reformou a referida Decisão determinando que o Município de Ouro Preto providenciasse as adequações necessárias à obtenção de licenciamento ambiental do aterro de Rancharia no prazo de 12 meses, sob pena de multa diária de R$1.000,00, limitada a R$600.000,00. Passados mais de cinco anos, nada mudou!

Denúncias quanto às irregularidades são recorrentes, oriundas de cidadãos, ONGs e órgãos de fiscalização. A Câmara Municipal também já debateu diversas vezes o tema, como mostra, por exemplo, a matéria abaixo, do jornal “O Liberal” de 09/12/2016:


Jornal O Liberal de 09/12/2016, em http://antigo.jornaloliberal.net/noticia/vereador-denuncia-lixao-de-ouro-preto-ao-mp/


Naquela oportunidade o Blog Operário Verde também noticiou o fato: https://operarioverde.blogspot.com/2016/12/pra-onde-vai-o-seu-lixo-uma-vergonha.html . 

Vídeo de dezembro de 2016, disponível no Youtube


Logo após esse quase fechamento definitivo do Aterro da Rancharia, a Prefeitura Municipal iniciou entre 2017 e 2020 diversos procedimentos buscando a regularização do espaço. Obras de drenagens, cobrimento e retaludamento foram contratadas, no intuito de retomar a implantação de um verdadeiro aterro, como mostram as fotos abaixo, juntadas à época ao Inquérito Civil nº. 0461.03.010953-6

Fotos de 2017-2018


Paralelamente ao imbróglio da deposição final dos resíduos sólidos no aterro, o Município passou ainda por conturbadas contratações de empresas para coleta domiciliar do lixo. Entre 2011 e 2017, por exemplo, todas as tentativas de licitação foram frustradas, obrigando os gestores a sucessivas dispensas de licitação para contratações de no máximo 180 dias. Foram várias empresas nesse período e pelo menos duas Ações Civis Públicas por Improbidade Administrativa foram propostas contra Ângelo Oswaldo e José Leandro, prefeitos à época. Somente em dezembro de 2017, já sob a gestão de Júlio Pimenta, foi finalmente concluída com sucesso a licitação para contratação de uma empresa especializada, pelo prazo máximo legal de 60 meses.

 Mas lamentavelmente, após tantas idas e vindas administrativas e judiciais, a atual realidade da coleta e deposição de lixo em Ouro Preto continua muito parecida com aquela denunciada no início dos anos de 1990. Segundo dados levantados pela Fundação Gorceix (2017, pag.5)2, atualmente são coletados e despejados na Rancharia cerca de 55 a 60 toneladas de lixo por dia, oriundos de uma população de aproximadamente 70 mil habitantes. E a despeito do que pensam e fazem os gestores da ocasião, todos esses resíduos continuam sendo gerados diariamente!

ATERRO SANITÁRIO OU LIXÃO?

A área de disposição final de resíduos de Ouro Preto, localizado no local denominado Fazenda Rancharia, que fica cerca de 10 km do Centro Histórico pela rodovia que liga Ouro Preto a Ouro Branco, foi pensada e projeta para ser um moderno Aterro Sanitário controlado e com as melhores práticas ambientais.

Imagem extraída do folder de 1996 de divulgação da implantação do Aterro de Rancharia: havia a promessa de um grande empreendimento, que nunca se concretizou

Contudo, passados cerca de 25 anos desde a sua inauguração, o cenário observado ainda é calamitoso. Em visita feita pelo Blog Operário verde no início da tarde do dia 11 de dezembro de 2021, foi verificado que o lixo coletado na cidade estava todo espalhado a céu aberto, sem controle de área de deposição, sem vigilância, sem coleta de chorume e outros líquidos, conforme mostra o vídeo abaixo:


COLETA SELETIVA INCIPIENTE: 

Apesar de já ter sido iniciada em parceria com as associações de catadores locais por meio do programa “Ouro Preto Recicla”3, a coleta seletiva ainda é muito restrita em Ouro Preto. São poucos os bairros atendidos e a capacidade de recebimento de materiais é pequena. Apesar de ser tema recorrente em campanhas eleitorais e retóricas ambientalistas, nunca houve uma ação contundente e efetiva na promoção da coleta seletiva para todo o Município.

Website do programa "Ouro Preto Reclica": https://www.ouropreto.mg.gov.br/coleta-seletiva (acesso em 06/12/2021)


A PROMETIDA USINA DE BENEFICIAMENTO:


A Prefeitura Municipal de Ouro Preto propôs há cerca de quatro anos a construção de uma usina de processamento de resíduos sólidos para, não só promover o tratamento adequado dos resíduos municipais, como também para produzir, como subproduto, a geração de energia elétrica a partir dos componentes orgânicos presentes nesses resíduos.

Dada a necessidade de ampliação de estudos, foi publicado o “Chamamento Público” nº. PMI0001-052017, visando o estabelecimento de Parceria Público-Privada para implantação de tal usina. Em consequência, a empresa Alfa Sigma Eficiência Ltda. foi autorizada a promover os estudos preliminares necessários à análise de viabilidade técnico-financeira. Contudo, tal projeto não avançou, sobretudo devido à falta de acordo com a Câmara Municipal quanto ao tamanho da área e as condições da cessão que seria feita à empresa. 


Fonte: TV TOP Cultura, 14/06/2019


ATERRO SANITÁRIO REGIONAL?

Frente à possível interrupção do funcionamento do aterro da Rancharia, uma das possibilidades já aventadas pelo Munícipio de Ouro Preto em suas manifestações ao Poder Judiciário foi a adesão ao consórcio Ecotres, situado em Conselheiro Lafaiete. Talvez seja essa a mais rápida e eficiente solução para a correta destinação do lixo dos ouropretanos:


Um outra opção possível é o estabelecimento de parceria com a vizinha Mariana, que graças ao apoio e investimento recebido pela Fundação Renova conseguiu avançar bastante na regularização do seu próprio aterro sanitário. 

PLANO INTERMUNICIPAL DE GESTÃO INTEGRADA DE RESÍDUOS SÓLIDOS:


O Plano Intermunicipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos (PIGIRS), desenvolvido e apresentado em 2020, ainda na gestão do Prefeito Júlio Pimenta, apresentou o levantamento detalhado das atividades de coleta, transporte e disposição final dos resíduos nos 41 municípios participantes do Consórcio Intermunicipal Multissetorial do Vale do Piranga (CIMVALPI), dentre ele Ouro Preto.

 Neste plano foram avaliados os diferentes tipos de resíduos sólidos, envolvendo redução de geração, reutilização e reciclagem, além das possibilidades de tratamento e disposição final. O plano também visou o planejamento de metas e ações para melhor e modernizar todo o sistema de gerenciamento de resíduos sólidos no território de atuação do Consórcio.

 O PIGIRS foi elaborado de acordo com os quesitos legais, em especial a Política Nacional de Resíduos Sólidos - Lei Federal Nº 12.305/2010 e a Política Nacional de Saneamento Básico Lei Nº. 11.445/2007.

 Porém, assim como todas as iniciativas anteriores, não passa de mais um documento sem reflexo prático em Ouro Preto (documentos disponíveis em: https://www.ouropreto.mg.gov.br/transparencia/pigirs). 


(2). Fundação Gorceix. Relatório de Visita Técnica ao Aterro Sanitário do Município de Ouro Preto juntado ao processo TJMG 0109536-79.2003.8.13.0461. Responsável: Prof. Dr. Wilson José Guerra, Geólogo. Ouro Preto, julho de 2017.

quinta-feira, 25 de novembro de 2021

Câmara Municipal cria comissão para acompanhar o cumprimento do TAC pela Hindalco

A partir dos encaminhamentos da 41ª Audiência Pública, a Câmara Municipal de Ouro Preto aprovou importantes medidas para que haja o devido acompanhamento do cumprimento do TAC pela Hindalco:

Representação 404/2021: seja a presente REPRESENTAÇÃO encaminhada a Hindalco solicitando que envie o mais breve possível, um relatório contendo todas as ações já realizadas pela empresa, referente ao cumprimento do TAC debatido em Audiência Pública.

Requerimento 507/2021: Após a 41ª audiência pública realizada pela Câmara Municipal, os vereadores apontaram como o encaminhamento a criação de uma comissão especial e essa comissão seria responsável por acompanhar as ações referentes ao cumprimento do TAC. Assinam este documento todos aqueles vereadores que participaram da audiência pública


Disponível em: http://www.cmop.mg.gov.br/ 



segunda-feira, 8 de novembro de 2021

Prefeitura apoia causa do Sindicato Metalúrgico de Ouro Preto

Os metalúrgicos reivindicam garantia de direitos à Vale devido à notícia de transição da empresa para o grupo VDL

por Nathália Silva 
Notícia publicada em 08/11/2021

A empresa Vale colocou à venda os ativos de sua operação de manganês no Brasil e pretende desfazer-se de três unidades de ferroligas, sendo duas em Minas Gerais (Barbacena e Ouro Preto). Diante disso, o Sindicato Metalúrgico de Ouro Preto elaborou um plano de trabalho para resguardar os direitos dos trabalhadores da empresa.

Em reunião com os representantes do Sindicato no dia 04 de novembro, o prefeito de Ouro Preto, Angelo Oswaldo, prestou apoio à causa. “É importante que o Município acompanhe, solidariamente, o movimento dos trabalhadores para que os direitos deles sejam resguardados e garantidos. Sempre estivemos atentos com muito empenho e agora nós desejamos que as conquistas dos trabalhadores sejam mantidas e que a cidade venha a ter até um ganho positivo nessa mudança. Ou seja, mais investimentos como, inclusive, a reabertura de um forno que está fechado há algum tempo no bairro Rancharia, em Ouro Preto”.

Segundo Roberto Wagner de Carvalho, representante do Sindicato Metalúrgico de Ouro Preto, essa transição afeta os municípios de Ouro Preto, Lafaiete e Barbacena e é uma preocupação de todos. “Diante da notícia, montamos um plano de trabalho para resguardar e garantir todos os direitos dos trabalhadores, todas as conquistas histórias obtidas ao longo de muita luta e muito trabalho. Viemos aqui para reunir com o prefeito, pois, dentro desse plano têm ações jurídicas e também de cunho político. Ele nos recebeu muito bem, se comprometeu a ser nosso parceiro na luta para a manutenção das nossas conquistas e retomada da produção do ferroligas para aumentar a geração de emprego e renda de Ouro Preto”.

 

Entenda melhor sobre o assunto

A empresa Vale colocou à venda os ativos de sua operação de manganês no Brasil e pretende dispor de três unidades de ferroligas, sendo duas em Minas Gerais (Barbacena e Ouro Preto) e uma na Bahia (Simões Filho), além de uma mina cativa, Morro da Mina, que atende as unidades mineiras.

Em assinatura no dia 28 de setembro, a empresa confirmou um contrato de venda dos ativos de ferroligas de manganês nos municípios Barbacena, Ouro Preto e Conselheiro Lafaiete, em Minas Gerais, para o Grupo VDL, um conglomerado empresarial que atua nos segmentos de transporte, mineração e siderurgia, em resposta a pedido da Agência CMA sobre o assunto.


Imagem: Neno Vianna, PMOP


domingo, 24 de outubro de 2021

Sobre a atual situação da Hindalco, veja alguns documentos

O indeferimento da Licença de Operação da Hindalco em fevereiro de 2021, tendo como "gambiarra" jurídica para permitir o seu funcionamento um Termo de Ajustamento de Conduta - TAC, assinado entre a empresa e o Secretário Estadual de Meio Ambiente de Minas Gerais, cuja prazo de validade expira em março de 2022, está despertando interesse naqueles que realmente se preocupam com Ouro Preto. 

Foi assim que a Câmara de Vereadores de Ouro Preto, sob pedidos dos combatentes vereadores Matheus Pacheco e Alex Brito, agendou uma audiência pública para tratar do assunto, a se realizar no próximo dia 05 de novembro. 

No link a seguir estão alguns documentos que foram enviados à Câmara para subsidiar as discussões: https://drive.google.com/drive/folders/1wt2LXgPnHrxA-wFUkIMY_tTd_fSCwTfV 




terça-feira, 19 de outubro de 2021

Câmara de Ouro Preto fará Audiência Pública sobre situação da Hindalco

Requerimento nº. 450/2021, de autoria dos Vereadores Matheus Pacheco e Alex Brito, aprovado na 71ª Reunião Ordinária em 19/10/2021:

"Senhor Presidente,

Requeiro a Vossa Excelência, nos termos regimentais desta Casa, ouvido o Plenário,seja o presente Requerimento encaminhado a empresa Hindalco  solicitando chamamento para Audiência Pública no dia 05/11/2021 ás 17hrs, tendo como pauta " Renovação de Licença Operacional".

Justificativa: A Hindalco Industries Limited é a principal companhia de metais do Aditya Birla Group. É a maior companhia de laminagem de alumínio do mundo e também um dos maiores produtores de cobre. Em conjunto com sua subsidiária global, a Novelis Inc., a Hindalco tem presença em 12 países. A companhia opera em toda a cadeia de valor, –desde a mineração de bauxite à refinação de alumina, fundição de alumínio, laminagem e extrusões. Serve setores essenciais da indústria, como a construção de & edifícios, automóvel, embalagem, elétrico, bens de consumo duradouros, refratários e cerâmica. A Hindalco tem uma abordagem global à sustentabilidade, – que engloba uma série de árias, como práticas de mineração sustentáveis, conservação de energia, reciclagem, eliminação de resíduos industriais amiga do ambiente, práticas de segurança, desenvolvimento socio-económico de comunidades em redor da usina e empoderamento dos empregados.

O cuidado com a Licença de Operação pode se tornar um grande desafio no dia a dia de uma grande ou pequena empresa. Basta que para isso ela possa causar algum tipo de dano ambiental.Em um primeiro momento, faremos uma distinção meramente didática entre dano e impacto ambiental. O dano representaria ações que causam impacto ambiental intenso e/ou em larga escala.E a Licença Ambiental serve justamente para evitar que os empreendimentos passem do limite gerando um impacto ambiental com consequências irreversíveis.

Impactos ambientais irreversíveis podem ocorrer através da:

  • contaminação dos lençóis freáticos ou cursos d’água por conta do
  • lançamento de efluentes (resíduo líquido resultante de processos industriais);
  • geração de resíduos sólidos (embalagens, utensílios, recipientes);
  • emissão de gases poluentes (CO2, vapor, NO2), e;
  • supressão da fauna e flora nativa.

É desta forma que os rios ficaram irreconhecíveis com o passar dos anos, assim como toda a paisagem das grandes cidades.

Os cientistas ao analisarem o futuro verificam que as ações de alto impacto ambiental podem levar a um estado caótico de escassez de recursos, com altos níveis de poluição e efeito estufa.Desde então, as Legislações passaram a nortear os limites das ações industriais para que tal cenário futurístico não chegasse tão rápido.Resultado disso, aqui no Brasil, foi o Licenciamento Ambiental, que verifica as etapas de uma empresa (que se enquadra no quadro de danos ambientais acima) para saber se ela está cumprindo com todas as medidas que visam reduzir os potenciais danos.A burocracia dessa verificação pode ser grande e gerar algumas dores de cabeça. Para evitar imprevistos e passar por esse processo com tranquilidade, é importante verificar o passo a passo do processo de renovação da Licença Ambiental de Operação (LO) e assim antecipar algumas ações mais demoradas.

O que é Licença Operação?

A Licença de Operação é a última das três licenças que são expedidas em um Licenciamento Ambiental.A primeira delas é a Licença Prévia: uma licença requerida na fase de planejamento do empreendimento para que possa determinar a viabilidade ambiental do empreendimento.A segunda é a Licença de Instalação: caso seja viável, em termos ambientais, e a Licença Prévia seja concedida, após o término do projeto de construção, é requerida a Licença de Instalação. Esta confere se a obra estará adequada para o meio ambiente da região.Por último é que vem a Licença Operação, que podemos definir como o documento que permite a execução das atividades industriais de um empreendimento através da análise da implementação de um conjunto de medidas que visam o menor impacto ambiental.Esse mecanismo de verificação para implementar e tornar possível a operação de uma empresa, permite que, por exemplo, na possibilidade de destruição de espécies nativas, o órgão regulador em conjunto com o empreendimento, possam encontrar medidas que equilibrem e minimizem o impacto.Apesar de os exemplos em relação à Licença de Operação serem em sua maioria ambientais, vale lembrar que não é só para o meio ambiente que o Licenciamento Ambiental tem um impacto positivo. Vamos te contar como ele influência também na estrutura econômica da sua empresa."

sábado, 16 de outubro de 2021

Quais são os passivos ambientais da fábrica de Saramenha?

Você sabe quais são os principais passivos ambientais deixados em Ouro Preto pela fábrica de alumínio/alumina? Não são poucos!!!

Ao longo de toda sua existência desde 1945, desde a Elquisa até a atual Hindalco, passando por Alcan e Novelis, a fábrica de Saramenha gerou grande quantidade de detritos e contaminações, já apuradas pela Fundação Estadual do Meio Ambiente (clique aqui e veja), conforme o seguinte quadro-resumo:

Empresa responsável

Área contaminada

Produtos contaminantes

Hindalco do Brasil

Área/planta da fábrica

Bário, Ferro, Fluoreto, Manganês, Níquel

Hindalco do Brasil

Barragem do Marzagão

Bário, Ferro, Manganês, Níquel

Novelis do Brasil

Área/planta da fábrica

Alumínio, Arsênio, Bário, Benzo(a)antraceno,

Benzo(a)pireno, Benzo(b)fluoranteno, Dibenzo(a,h)antraceno, Fenantreno, Fluoreto, Manganês, Molibdênio, Níquel

Novelis do Brasil

Aterros industriais e domésticos

Alumínio, Chumbo, Ferro, Fluoreto, Nitrato (como N), Vanádio

Novelis do Brasil

Galpão de Barcelos

Cobalto

Novelis do Brasil

Lago do Azedo

(“buraco quente”)

Alumínio, Arsênio, Chumbo, Cobalto, Fluoreto, Mercúrio, Vanádio

Novelis do Brasil

Morro do Minério

(acima do bairro Tavares, sentido Parque do Itacolomi)

Alumínio, Bário, Benzo(k)fluoranteno, Chumbo, Cobalto, Criseno, Cromo, Fluoreto, Níquel

Novelis do Brasil

Panificadora

(bairro Bauxita)

Alumínio, Boro, Chumbo, Cromo, Fluoreto, Molibdênio, Níquel, Nitrato (como N)

É importante ainda destacar que NUNCA foi feito um estudo epidemiológico com os moradores do entorno da fábrica, bem como NÃO há apurações técnicas conclusivas acerca dos danos caudados pelos particulados emitidos pela fábrica sobre os bens e monumentos tombados de Ouro Preto.

 





quarta-feira, 13 de outubro de 2021

quarta-feira, 29 de setembro de 2021

Portal Mais Minas: Hindalco descumpre medidas ambientais em Ouro Preto

 Matéria disponível AQUI.

Em um vídeo gravado no dia 11 de julho por um morador da Vila Operária é possível identificar a emissão de poeira e barulho em excesso.

 Rômulo Soares 28 de setembro de 2021 às 21:19

A Superintendência Regional de Meio Ambiente (SUPRAM) indeferiu o pedido de renovação da Licença de Operação feito pela empresa Hindalco, ainda em fevereiro de 2021. Para que a empresa, que opera na indústria química especializada na produção de aluminas especiais e hidratos, continue as suas operações dentro da legislação ambiental, foi assinado um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SEMAD) no dia 29 de março de 2021. No entanto, alguns populares que moram no entorno da empresa são diretamente afetadas pelos danos causados questionam o TAC firmado.

 Dentre os principais questionamentos dos populares, conforme informou o advogado André Lana, do Blog Operário Verde, destaca-se a ausência da obrigatoriedade do monitoramento do ar na Vila Operária e da participação da Prefeitura de Ouro Preto no TAC firmado junto à Hindalco.

Em um vídeo gravado no dia 11 de julho por um morador da Vila Operária é possível identificar a emissão de poeira e barulho em excesso.

 A Coordenação de Tratamento de Efluentes da Faculdade Oswaldo Cruz possui um estudo apresentando os problemas de saúde que podem ser causados pelo óxido de alumínio (sinônimo de alumina). De acordo com a pesquisa, são várias às formas em que o composto químico pode afetar a saúde. Confira:

  • Por inalação: prejudicial principalmente quando em forma de pó. Tosse ou dificuldade respiratória podem ocorrer em caso de inalação excessiva;
  • Por ingestão: nenhum efeito adverso é esperado;
  • Contato com a pele: pode causar irritação, vermelhidão e dor;
  • Contato com os olhos: nenhum efeito adverso é esperado, mas pode causar irritação;
  • Exposição Crônica: nenhum efeito é esperado.

 De acordo com um estudo feito pela “Revista Matéria”, em 2007, a lama vermelha, resíduo da indústria de beneficiamento do alumino, é gerada a partir do refino da bauxita para produção de alumina (Al2O3) através do processo Bayer. Este trabalho apresenta uma revisão de literatura sobre a produção da lama vermelha, suas características, métodos de disposição final, problemas ambientais provenientes de uma disposição inadequada e aplicações alternativas para o seu aproveitamento econômico.

 Como a maioria dos rejeitos, no passado, a lama vermelha era simplesmente descartada pela empresas do ramo em algum corpo hídrico receptor, como mares e rios. A disposição não adequada da lama vermelha pode acarretar em problemas como

  • Contaminação da água de superfície e subterrânea por NaOH, ferro, alumínio ou outro agente químico;
  • Contato direto com animais, plantas e seres humanos;
  • O vento pode carrear pó dos depósitos de lama seca, formando nuvens de poeira alcalina;
  • Impacto visual sobre uma área extensa.

 Licença ambiental negada

Um dos itens descumpridos pela empresa se trata da qualidade do ar, que a Hindalco deve monitorar pontos nivelados com a Fundação Estadual do Meio Ambiente (FEAM) com a Gerência de Monitoramento da Qualidade do Ar e Emissões (GESAR) a cada seis dias, durante seis meses. Feito isso, o relatório deveria ser enviado à Secretaria Estadual do Meio Ambiente, com os resultados compilados das análises efetuadas, bem como certificado de calibração do equipamento de amostragem.

 Outro item que foi descumprido pela Hindalco se trada do plano executivo de ações de controle e mitigação dos impactos relacionados ao transporte do rejeito desaguado no bairro Saramenha até o local de sua disposição em pilhas, na barragem de Marzagão. 

 O que diz a Hindalco

 Por meio de uma nota, a Hindalco informou que tem sua operação respaldada na legislação ambiental estadual. Além disso, ela esclareceu que as questões relacionadas ao impacto gerado na população e adequações para se enquadrar nos temos requeridos pelo TAC foram superados por medidas posteriores e, pelo que entendem, não há qualquer restrição à atividade da empresa.

A Hindalco ainda afirmou que continua se esforçando “pelo promissor funcionamento da fábrica”, que julgam de importância inegável para Ouro Preto e, especialmente, para os mais de 400 funcionários diretos e suas famílias, que nela tem sua fonte de sustento.

 Possibilidade de suspensão do alvará

 Em contato com a redação do MM, o secretário de Meio Ambiente de Ouro Preto, Chiquinho de Assis, explicou que a fiscalização das ações da Hindalco é de responsabilidade completa do estado, mas que o Município vem acompanhando às reclamações populares de danos causados por conta das operações da empresa.

 “O TAC assinado pela empresa Hindalco com a Secretaria de Estado de Meio Ambiente diz respeito à condicionantes não atendidas, frutos do licenciamento da operação da empresa. Essa ação é totalmente de competência da área ambiental do estado [Minas Gerais]. Então, o Município de Ouro Preto, por parte da Secretaria de Meio Ambiente, tem acompanhado esse processo, há alguns questionamento da sociedade, principalmente com relação à poluição atmosférica e à emissão de particulados. Nós mesmos já comunicamos a empresa e ao órgão, nós indicamos a alguns vereadores da Câmara que também comunicassem o órgão fiscalização FEAM e SUPRAM, de quem é a competência da fiscalização desse licenciamento”, explicou.

 No entanto, Chiquinho de Assis também explicou que está verificando se o descumprimento de condicionantes do TAC pode comprometer o alvará que o Município de Ouro Preto concedeu à Hindalco para continuar operando.

“Com relação ao Município, há que se ver que tipo de impacto teria o não cumprimento dessas condicionantes com relação ao alvará concedido pela Secretaria de Fazenda e Secretaria Cultura e Patrimônio. Então, atendendo a uma demanda que nos chegou pela ouvidoria e pela notícia desse TAC, nós iremos solicitar que os setores responsáveis pela emissão do alvará possam fazer uma reflexão se esse tipo de não atendimento à condicionantes pode impactar na questão do alvará”, contou o secretário.

O SEMAD foi procurado pela redação do Mais Minas, mas não obtivemos resposta até o momento dessa publicação.


segunda-feira, 20 de setembro de 2021

Órgão ambiental indefere licença de operação da Hindalco por descumprimento de medidas ambientais

Publicado em 19/09/2021 - 14:01, Rádio Real FM

Por Gilson Fernandes

A Hindalco teve o seu pedido de renovação da Licença de Operação indeferido pela Superintendência Regional de Meio Ambiente (SUPRAM) no dia 25 de fevereiro de 2021. Um dos itens descumpridos pela empresa tem relação com a qualidade do ar, que a Hindalco deve monitorar pontos nivelados com a FEAM/GESAR a cada seis dias, durante seis meses. Logo após deveria ter enviado o relatório para a SUPRAM, com os resultados compilados das análises efetuadas, bem como certificado de calibração do equipamento de amostragem. Outro item importante que foi descumprido foi do plano executivo de ações de controle e mitigação dos impactos relacionados ao transporte do rejeito desguado pelo bairro Saramenha de Cima até o local de sua disposição em pilhas no Mazagão. 

Segundo o advogado André Lana, do Blog Operário Verde, os moradores do bairro Vila Operária sentem diariamente os impactos ambientais da Fábrica da Hindalco.

“A partir de 2007, quando eu me mudei para Vila Operária, já representei por diversas vezes aos órgãos de controle ambiental, ao Ministério Público, ao CODEMA de Ouro Preto, enfim eu tenho já um histórico longo de acompanhar todo o todo esse processo que envolve a fábrica. A partir de 2012 eu tornei público no blog Operário Verde toda essa militância envolvendo a fábrica de Saramenha. É uma longa história de quem vive ao lado da fábrica, uma história de quem conhece muito bem a relação da fábrica com os seus vizinhos, com o seu entorno”

André Lana ainda alerta para os moradores dos outros bairros que sentem a poluição da fábrica

“É importante que saibam que na Vila Operária é muito pior. Existe algum fenômeno climático e geográfico envolvendo em que a poluição da fábrica vem diretamente pra Vila. Um exemplo claro disso foi um vazamento de alumínio em 2015 que deixou a Vila Operária totalmente branca, coberta de pó de alumina”, relata.

Segundo o advogado André Lana, mesmo após o indeferimento da Licença de Operação, a Secretaria de Estado de Meio Ambiente (SEMAD) continuou recebendo denúncias de irregularidades. O advogado explica que Ouro Preto possui a Lei Municipal nº. 178/1980 que um dos critérios para se obter o alvará de funcionamento da fábrica é possuir o licenciamento ambiental.

“Conversei com alguns especialistas, alguns professores da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) da área de meio ambiente e foram assim claros em dizer que ter a Licença de Operação indeferida é muito raro de acontecer. O parecer que fundamentou esse indeferimento, a gente percebe que a fábrica vem descumprindo normas ambientais há muitos anos e para licenciamento ela vinha sendo condicionado a fábrica reparar esses danos. Como ela não corrigiu os erros, chegou a um ponto em que não tem como mais prosseguir com licenciamento porque ela já está descumprindo a condicionante. Além da questão da poluição atmosférica, que é o que atinge mais a Vila Operária, que realmente incomoda muito barulho, o cheiro, pó, há também no relatório descumprimentos com relação ao monitoramento da água e contaminação da água do rio funil, que desce pra Barra, desce pra Mariana, cai no Rio Doce. Há descumprimentos também com relação a barragem do Marzagão que é um algo muito perigoso. Há descumprimento da regularização fundiária, áreas de reserva legal, enfim, uma série de problemas que acabaram então forçando o órgão ambiental a negar esse licenciamento. A gente já denunciou isso aos órgãos de controle da Prefeitura Municipal e a gente espera realmente um controle efetivo de todos esses problemas. Que eles sejam corrigidos independente se a fábrica vai continuar ou não, os danos ambientais tem que ser reparados pela Hindalco, pela Novelis, pela Alcan, enfim, pelas empresas que geraram esse risco ambiental ao município de Ouro Preto, que a gente espera é que esses danos todos sejam devidamente corrigidos e compensados à comunidade”

Para que a empresa continue as suas operações, foi assinado um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com a SEMAD no dia 29 de março de 2021 "para adequação de empreendimento à legislação ambiental”. 

“É muito estranho que imediatamente após indeferir a renovação da licença de operação, o órgão do Governo do Estado responsável pelo licenciamento ambiental firmou com a empresa um Termo de Ajustamento de Conduta. O TAC dá mais 12 meses para Hindalco operar, ou seja, até fevereiro de 2022, período em que ela deverá cumprir tudo que ela prometeu para solucionar os problemas ambientais que foram identificados. Já se passa alguns meses e a comunidade sequer sabia da existência desse TAC. A Prefeitura de Ouro Preto não foi chamada para participar, o Conselho Municipal de Meio Ambiente não manifestou, não opinou nesse um TAC feito sem o conhecimento dos principais interessados. Feito apenas pelo órgão do estado e pela empresa. A gente não sabe em que pé que está. Se a empresa de fato está cumprindo ou não aquilo prometeu ou se vai chegar em fevereiro de 2022 a fábrica fecha e deixa pra comunidade um enorme passivo ambiental. A comunidade de Ouro Preto deve estar atenta a isso. Existe um passivo ambiental muito grande da produção de alumínio desde da década de 40 e esse passivo ambiental vai ficar aqui. A gente precisa estar atento para recuperação e mitigação desses danos porque a fábrica está levando o dinheiro e está deixando o passivo ambiental. Nós não podemos deixar para as gerações futuras esse problema sem solução”.

De acordo com as condicionantes do TAC, a Hindalco deve apresentar os primeiros  relatórios com os resultados de monitoramento das emissões atmosféricas em até 90 dias. 

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NOTA DA HINDALCO

Informamos que a HINDALCO DO BRASIL INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA., CNPJ nº 17.720.994/0001-13, com sede na Av. Américo René Gianetti, nº 521, Bairro Saramenha – Ouro Preto/MG, CEP 35.400-000, tem sua operação respaldada na legislação ambiental estadual. Sobre os documentos mencionados em seu e-mail, informamos que eles foram superados por medidas posteriores, pelo que entendemos não se aplicar qualquer restrição à nossa atividade. Cumpre-nos esclarecer que nossos esforços continuam a ser pelo promissor funcionamento da fábrica, de inegável importância para nosso Município e, especialmente, para os mais de 400 funcionários diretos e suas famílias, que nela tem sua fonte de sustento.
Sem mais para o momento, colocamo-nos à disposição para quaisquer esclarecimentos que porventura se façam necessários.


Foto: Rádio Real FM 90,1