Por: Tatiana Moraes
tmoraes@hojeemdia.com.br
Depois de dois anos sem produzir, mas faturando com a venda de energia, a Vale Manganês de Ouro Preto confirmou que não irá retomar as operações. Dos 150 empregados, pelo menos 67 já foram dispensados por telegrama, segundo o Sindicato dos Metalúrgicos de Ouro Preto. Desde julho, os funcionários da unidade recebem 50% do salário e ficam em casa, conforme adiantou o Hoje em Dia na época.
De acordo com a Vale, a companhia tentou realizar as demissões pessoalmente. Aqueles que não compareceram à empresa foram desligados por telegrama, segundo informa nota enviada pela assessoria de imprensa. Ainda de acordo com o texto, houve um grande esforço de manutenção dos postos de trabalho por dois anos. O encerramento das atividades teria sido por falta de demanda.
A Vale Manganês é uma indústria eletrointensiva. Cerca de 60% do custo do produto comercializado pela empresa é eletricidade. Por isso, ela costuma fechar contratos de longo prazo com a Cemig. Até 2015, a indústria tinha uma contrato de R$ 67 por megawatt-hora (MWh) utilizado.
Devido à falta de chuvas, o valor do MWh no mercado spot (à vista) chegou a R$ 822. Ou seja, era vantajoso vender a energia no Mercado Livre (ambiente em que o preço do insumo é negociado). Com o fim dos contratos e a energia nas alturas, o setor de ferro-ligas passou aperto. A concessionária propôs valores na casa de R$ 347 o MWh para contratos de dez anos.
O valor máximo da energia para produzir competitivamente ferro-ligas é R$ 180. Na época, a presidente Dilma Rousseff editou a MP 677, garantindo subsídios a empresas eletrointensivas do Nordeste, posteriomente estendidos para Sudeste e Centro-Oeste. “Achávamos que a Vale ia manter os empregos com a conquista. O município já perdeu muito com o fechamento da Novelis”, diz Geraldo Araújo, da Central Sindical Popular.
A unidade da Vale Manganês de Conselheiro Lafaiete, que teve as operações interrompidas em meados do ano passado, será as atividades parcialmente retomadas em breve, segundo a empresa.
Leia nota da Vale na íntegra:
Sobre operações da Vale Manganês
"A Vale Manganês informa que não retomará as operações da Unidade Ouro Preto. As atividades da unidade estão interrompidas desde 2014, período em que a empresa buscou alternativas para atenuar os efeitos decorrentes da redução da demanda de ferroligas no mercado interno.
Já a unidade Morro da Mina, localizada em Conselheiro Lafaiete, cujas operações estavam interrompidas desde julho de 2015, terá as atividades parcialmente retomadas entre abril e maio. A unidade passará por uma adequação dos volumes de produção, de acordo com o cenário atual do mercado interno.
Mesmo com o cenário adverso, em fevereiro de 2016, a Vale Manganês reativou a produção da Usina de Ferro Ligas de Barbacena, que estava interrompida desde janeiro de 2015. A retomada das operações representa a produção de até 60 mil toneladas de ligas por ano e a manutenção de 200 empregos diretos naquela localidade.
Durante as interrupções das unidades de Ouro Preto e Conselheiro Lafaiete, foram adotadas iniciativas para manter empregos, com a concessão de férias coletivas, férias concentradas, transferências de empregados para outras unidades e licença remunerada. A empresa manterá seus esforços na busca de caminhos que viabilizem a continuidade das operações remanescentes demais unidades operacionais do negócio Manganês e Ligas".
Durante as interrupções das unidades de Ouro Preto e Conselheiro Lafaiete, foram adotadas iniciativas para manter empregos, com a concessão de férias coletivas, férias concentradas, transferências de empregados para outras unidades e licença remunerada. A empresa manterá seus esforços na busca de caminhos que viabilizem a continuidade das operações remanescentes demais unidades operacionais do negócio Manganês e Ligas".
Nenhum comentário:
Postar um comentário