Somos testemunhas de um visível e inegável declínio da
fábrica de alumínio de Saramenha nos últimos anos.
Em matéria publicada no jornal “Hoje em Dia” de 26 de maio de
2013, o então diretor de operações da Novelis, afirmou que
“Desde 1985, não há nenhum investimento em alumínio primário por nenhuma fábrica”
(leia aqui).
O declínio da produção de alumínio aqui em Ouro Preto parece
ter começado no início dos anos de 1990, quando uma onda de demissões varreu
Saramenha. No ano de 1994, a Revista Veja publicou uma reportagem intitulada
“Parece Desmanche” (leia aqui),
cuja foto da apresentação era da nossa fábrica de alumínio. Em tal reportagem
foi apontada a falta de investimentos, obsolescência de equipamentos e, ainda,
o início, naquele ano, de uma estratégia da empresa Alcan para se desfazer da fábrica
nos 15 anos seguintes, o que de fato ocorreu.
Os anos foram passando e a fábrica foi encolhendo e trocando
de donos (leia aqui).
Uma grande baixa ocorreu em 2009, quando foi fechada a
fábrica de alumina, ocasião em que foram anunciadas as demissões de cerca de
290 trabalhadores, entre próprios e terceirizados (leia aqui).
Logo depois uma nova legislação ambiental estabeleceu o prazo
de validade para a produção de alumínio primário em Saramenha: até 2021. Tal
norma impôs regras mais rígidas e que somente seriam alcançadas aqui com muito
investimento (leia aqui)
Em abril de 2012 a Novelis sinalizou o seu desinteresse pela
produção de alumínio primário ao desativar uma fábrica no Canadá (leia aqui).
No ano seguinte, em janeiro de 2013, mais de uma centena de
demissões aconteceu em razão do fechamento da Redução II em Ouro Preto (leia aqui),
cujo funcionamento fora condicionado pelo órgão de controle ambiental, a
SUPRAM, a uma série de investimentos por parte da empresa (leia aqui).
Entre investir e fechar, a segunda opção foi a escolhida. Naquele momento o nosso
blog já cobrava uma postura mais clara sobre o futuro: a distorção de
informações era visível (leia aqui).
Em janeiro de 2013 assistimos a divulgação truncada de que uma
“nova” fábrica iria se instalar em Saramenha. Pouquíssimas informações foram
divulgadas na imprensa local e nenhum projeto consistente foi apresentado à comunidade. Naquele momento falaram em “nova indústria”, mas tudo
não passou da simples religação da fábrica de alumina desativada em 2009 pelo
mesmo grupo empresarial dono da Novelis (leia aqui).
E o discurso sobre a criação de novos empregos foi colocado
de modo a constranger os moradores vizinhos a se calarem. Foi como uma
chantagem, do tipo “calem-se e suportem todo o inconveniente da produção nessa
fábrica obsoleta, senão serão vocês os culpados pelo desemprego”.
Ora, uma coisa deve ser dita e repetida: o nosso blog nunca foi
contra a fábrica, os empregos e a arrecadação de impostos, mas a favor que tudo
isso ocorra dentro da mais absoluta legalidade, técnica e, sobretudo, respeito a
nós, moradores vizinhos (leia aqui).
Mas o abandono de Saramenha já era visível (leia aqui).
O abandono da fábrica também (leia aqui).
E os problemas ambientais e trabalhistas foram se acumulando (leia aqui).
O mercado mundial de alumínio, por sua vez, foi mandando
recados (leia aqui).
Alguns muito diretos (leia aqui).
Não foi sem razão que em abril de 2014 a própria Novelis sinalizou o fechamento
da fábrica de Saramenha (leia aqui).
Mas antes disso, obviamente, era preciso se desfazer daquilo que ainda possuía grande
valor de mercado: a energia elétrica! E assim foi feito no início de 2014 com a
venda das usinas hidrelétricas (leia aqui).
O mesmo ocorreu com os ativos de mineração (leia aqui).
No início de 2014, diante de tantas evidências, o Sindicato
dos Metalúrgicos denunciou o que estava por vir: o fechamento da Novelis em
Ouro Preto (leia aqui).
Em outubro de 2014 o FIM foi anunciado (leia aqui).
E diante de toda essa história fica uma pergunta: o que foi
feito pelas autoridades públicas para garantir aos trabalhadores e à população melhores
condições socioambientais? Eu respondo: nada, infelizmente.
FIM??? não meus caros, ainda não. Estamos falando o fim da produção de alumínio, mas a empresa Novelis ainda tem muito o que fazer aqui em Ouro Preto. Além do apoio aos trabalhadores demitidos, ainda tem responsabilidades sobre os seus ativos e sobre as áreas contaminadas que exigem constante monitoramento ambiental, como o Marzagão, Morro do Minério, Barcelos, Lago do Azedo e Panificadora. E sobre isso ainda aguardamos uma manifestação oficial da empresa.
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